segunda-feira, julho 30, 2007

Ana.aqui fica a resposta à " discussãozinha de ontem à noite "..... " Sim os Homens também sofrem

" Sim os Homens também sofrem "

Esta é uma conversa complicada para uma noite que tenta apaziguar os 42 graus que o Sol levou de descanso por umas horas, mas aqui vai a tentativa de responder-te...ontem não estava com paciência para a réplica...eh eh

É claro que os homens sofrem e se queres saber, Deus deu-nos o músculo mas atribui-vos a frieza. Assim como se fossemos a solidez da carne e vocês o gume que a corta.Sofremos exactmente das mesmas coisas que vós : insegurança, ciúme. medo, rejeição, indiferença e tantas outras miserabilidades que o dicionário das palavras escuras dos sentimentos não caberia aqui. O sofrimento é um património da humanidade, e embora pareça estranho a 99% das mulheres os homens estão incluídos nesse património. Sim, não é verdade que exista direitro de exclusividade no feminino relativamente à matéria em questão.
Acreditar nessa máxima, quase um clichè que tem passado hormonalmente de avós para mães e de mães para filhas, é o mesmo que remontar à idade das cavernas. É o mesmo que acreditar que tudo o que acontece nos relacionamentos, seja bom, seja mau, as frustrações na cama, as discussõess depois que a paixão adormeceu e amor não existia afinal para o poder sustentar, etc, etc, sejam da responsabilidade do " viril" desgraçado.A condição humana, contabiliza-se ( infelizmente ) por falhas e desencontros, incompatibilidades e desalinhos. Já Fernando Pessoa que era Hetero e sabia da sua masculinidade dizia : todos temos um ego masculino e feminino...Assim sendo, há homens a cometer falhas masculinas e femininas e mulheres a fazer exactamente o mesmo.
Os efeitos e contradiçoes são extensiveis à condição humana ( sim, é verdade também somos humanos apesar dos pêlos no lavatório e de sermos descuidados na tampa da sanita !!!!) logo não vale a pena fazer da espécie uns trogloditas. Toda a metade reclama sempre da outra metade, esta guerra já começou no paraiso !!!

Um homem chora mas não pode chorar, sofre mas não pode mostrar que sofre, reza mas tem que ser ás escondidas, caso contrário as mulheres começam o usual e tradicional ritual de, lentamente começarem a perder o interesse nele...
Por mais que digam que gostam de um tipo sensível, e que tenha os sentimentos transparentes e coisa e tal, blá,blá,blá,bla...balelas, porque no fundo o que a mulher pensa é que um homem sentimental é um homem perdido, demasiado sensível ás pressões do dia a dia, logo não dá segurança, logo não interessa...e para a mulher a verdadeira receita para um homem que elas imaginam sempre perfeito, sim para as mulheres o homem em que estão focadas é sempre o Alfa da perfeição, é uma aparência fisica que lhe permita disfrutar da inveja das outras mulheres e um inquestionável queficiente de segurança.Em resumo as mulheres não gostam de homens instáveis. Porquê ? Porque assim não sabem com o que contam, logo não podem escrever as regras do domínio.Por isso mulheres, ao colocarem um rótulo nas coisas estão a criar compartimentos de visão desfocada da realidade emergente, e a criar uma realidade que há muitos séculos vos dá tanto jeito.Ao rotularmos algo perdemos a sua essência, a pedra real que dá o toque á vida.Perdemos o inesperado o sal dos dias, perdemos o improvável que nos trás o espanto que aniquila as rotinas...em resumo, o melhor da vida.Talvez eu esteja completamente errado na minha forma de pensar, mas a minha amiga Maria que tem um lar de terceira idade onde de vez em quando vou " namorar " aquelas criaturas maravilhosas, conclui que 90% das mulheres lhe confessa que só no fim da vida concluiram, ou tiveram coragem de assumir que escolheram o homem errado... Porque será ??? Intuiçaõ feminina ?? no melhor pano cai a nódoa, ou como se diz na aldeia do meu pai...casa de ferreiro espeto de pau...
Bjos Ana e perdoa a discordancia...

segunda-feira, julho 23, 2007

A idade é uma contemplação. Um admirar distante dos desalinhos incoerentes que o tempo nos lavou nos olhos o enlear dos anos.
Anos tantos estes que passaram, uma via rápida de dor e sorrisos em que a memória daqueles que amamos já nem do nosso breve estar se recorda. 40 ANOS. Uma vida pelo metade, ou nem isso, uma porta entreaberta para o futuro que todos os dias começa na busca dos abraços que teimamos em sentir e permanecem ausentes na ironia esgotada da imperfeição dos laços. Braços que se aconchegam em afectos incoerentes pintados de interesse na circunstancia inventada que se proporcionam. Mas nada a fazer. O ser humano no seu esplendor : vivendo por defeito, no erro dos espaços indevidamente ocupados.
Chorei muito, ri ainda mais, tive quem quis e gritei por quem sinto e não viu para lá da minha trasparência. Amei, fui ainda mais ou talvez não. Aturei os olhos de interesse daqueles que o espamo me fez esquecer tudo o resto na busca incesante de um só momento, um só segundo, uma só paragem com vista para o infinito que compensasse no éfemero do olhar o cansaço de toda a viagem. Mas não . Ainda não. Chegará talvez um dia, de mansinho numa tarde de Outono como sempre, um embrulho com a chave do destino. Com a chave do teu coração aberto ao mundo, aos ocasos que não te vivem, aos devaneios que inventas para te sentires amada quando eu estou aqui no limite do meu esgar em que grito o teu nome na violência da noite.

Mas agora quedo-me quieto. Fiz 40 anos e tu não te foste. Ficas-te fossilizada neste intenso do tempo com esse ar franzino, o mesmo que ainda tens, que um dia, faz 7 anos me perturbou para sempre as horas intermenináveis em que espero o dia em que digas : eu fico.....
Mas não ficas, porque já estás, mesmo sem estares. Porque já vives em mim, mesmo que inventes outras vidas que a alma não crucifica os olhos como é de bom tom nas regras insensatas do amor....
Mas espero, mais uma metade de uma vida, porque um minuto em que o céu se aproxime da terrra junto de ti, será sempre melhor que essa vida de notas falsas que teimas em inventar e em que o teu céu está sempre pintado de cinzento.
Espero agora e sempre. Deus me facilite a paciência que alimenta o teu sentir, que ainda e sempre trago comigo na lisura inconcreta dos dias em que não estás....mas que sempre estás.
Porque não escutas o meu coração....
Porquê ???

Paulo G.

sexta-feira, julho 20, 2007

O poema mais belo da lingua portuguesa.....Para a cativa que me mantem cativo....

Passei toda a noite sem dormir

Passei toda a noite, sem dormir, vendo, sem espaço, a figura dela,
E vendo-a sempre de maneiras diferentes do que a encontro a ela.
Faço recordações do que ela é quando me fala,
E em cada pensamento ela varia de acordo com a sua semelhança.


Amar é pensar.
Eu quase me esqueço de sentir, só de pensar nela.
Não sei bem o que quero, mesmo dela, e eu não penso senão nela.
Tenho uma grande distração animada.

Quando desejo encontrá-la
Quase prefiro não a encontrar,
Para não ter que a deixar depois.


Não sei bem o que quero, nem quero saber o que quero. Quero só
Pensar nela

Não peço nada a ninguém, nem a ela, senão pensar.


Aberto Caeiro

Aos ausentes....

Tenho razão de sentir saudade, tenho razão de te acusar.Houve um pacto impícito que rompeste e e sem te despedires foste-te embora.
Detonaste o pacto. Detonaste a vida geral, a comum aquiescência de viver e explorar os rumos de obscenidade sem prazo, sem consulta, sem provocação até o limite das folhas caídas na hora do cair. Antecipaste a hora, o teu ponteiro enlouqueceu, elouquecendo as nossas horas.
O que poderias ter feito mais grave que o acto sem continuação, o acto em si, o acto que não ousamos nem sabemos ousar, porque depois dele não há nada ?
Tenho razão para sentir saudade de ti, da nossa convivência, em falas amigas, simples apertar de mão, nem isso, voz modulando sílabas conhecidas e banais que eram certeza e segurança.
Sim, tenho saudades. Sim acuso-te, porque fizeste o não previsto nas leis da amizade e da natureza nem nos deixaste sequer o direito de indagar porque que é que o fizeste , porque simplesmente te foste.

Carlos Drumond de Andrade

sexta-feira, julho 13, 2007

Aqui estou

Ao tempo que aqui não vinha, e a falta que me fazias meu blog de razura de palavras distantes que por vezes nem eu sinto. Foi um mês de luta, e de viagens no escape dos dias. Mas não vale a pena fugir-lhes, porque eles estão ai e outros se lhes seguem. Algo me deve estar predestinado no livro do Universo, para que todas as minhas mudanças e dificuldades maiores se aproximem sempre assim, de repente, como um tufão do vento sul, nesta modorna de verão. Será que um dia descansarei de todos os testes e dificuldades que a minha vida tem sido ? Uma luta incessante, ao abandono do interesse alheio que só se interessa quando existe interesse, materialmente palpável.
Mas há que prosseguir e não vacilar.
Volte, e já tenho saudades de partir.
Não será isso a vida : a eterna saudade do que não temos ?
Mesmo agora que os cabelos são mais prata na calma da minha escrita.