segunda-feira, julho 23, 2007

A idade é uma contemplação. Um admirar distante dos desalinhos incoerentes que o tempo nos lavou nos olhos o enlear dos anos.
Anos tantos estes que passaram, uma via rápida de dor e sorrisos em que a memória daqueles que amamos já nem do nosso breve estar se recorda. 40 ANOS. Uma vida pelo metade, ou nem isso, uma porta entreaberta para o futuro que todos os dias começa na busca dos abraços que teimamos em sentir e permanecem ausentes na ironia esgotada da imperfeição dos laços. Braços que se aconchegam em afectos incoerentes pintados de interesse na circunstancia inventada que se proporcionam. Mas nada a fazer. O ser humano no seu esplendor : vivendo por defeito, no erro dos espaços indevidamente ocupados.
Chorei muito, ri ainda mais, tive quem quis e gritei por quem sinto e não viu para lá da minha trasparência. Amei, fui ainda mais ou talvez não. Aturei os olhos de interesse daqueles que o espamo me fez esquecer tudo o resto na busca incesante de um só momento, um só segundo, uma só paragem com vista para o infinito que compensasse no éfemero do olhar o cansaço de toda a viagem. Mas não . Ainda não. Chegará talvez um dia, de mansinho numa tarde de Outono como sempre, um embrulho com a chave do destino. Com a chave do teu coração aberto ao mundo, aos ocasos que não te vivem, aos devaneios que inventas para te sentires amada quando eu estou aqui no limite do meu esgar em que grito o teu nome na violência da noite.

Mas agora quedo-me quieto. Fiz 40 anos e tu não te foste. Ficas-te fossilizada neste intenso do tempo com esse ar franzino, o mesmo que ainda tens, que um dia, faz 7 anos me perturbou para sempre as horas intermenináveis em que espero o dia em que digas : eu fico.....
Mas não ficas, porque já estás, mesmo sem estares. Porque já vives em mim, mesmo que inventes outras vidas que a alma não crucifica os olhos como é de bom tom nas regras insensatas do amor....
Mas espero, mais uma metade de uma vida, porque um minuto em que o céu se aproxime da terrra junto de ti, será sempre melhor que essa vida de notas falsas que teimas em inventar e em que o teu céu está sempre pintado de cinzento.
Espero agora e sempre. Deus me facilite a paciência que alimenta o teu sentir, que ainda e sempre trago comigo na lisura inconcreta dos dias em que não estás....mas que sempre estás.
Porque não escutas o meu coração....
Porquê ???

Paulo G.

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