sexta-feira, agosto 10, 2007

Morreu Bruno Tolentino ( 1940 - 2007 )




" O mundo fica mais triste quando morrem os poetas ", alguêm disse um dia. Nunca o conheci pesoalmente, mas entrou-me cativo no espaço do sentir quando ao ler um dia as suas palavras do tamanho do mundo me ficarem quietas e definitivas como aquelas que quereria impressas na minha lápide quando chegar o barco que me leve. Por isso aqui ficam as palavras e a minha homenagem ao homem que escreveu as frases que quero para mim depois deste mundo :

À TERRA PROVISÓRIA

Adeus, cumes e vales e veredas,
e bosques e clareiras e campinas
soltas ao vento, sacudindo as crinas
das espigas de sol na luz de seda.

Adeus, troncos e copas e alamedas
esmeraldas selvagens que as neblinas
salpicavam de prata,adeus, colinas
que iam sucumbindo com labaredas

de cobalto no ar...Adeus, beleza
irrepetível que me viu nascer
e toca-me deixar : a natureza
também é feita de deixar de ser,
e eu levo agora a sombra e deixo a presa
à luz do provisório amnhecer.

( in os deuses de hoje,1995)


Bruno Tolentino :
Nasceu no Rio de Jnaneiro em 1940, têm uma vastissima obra publicada, do Brasil foi para Inglaterra como professor convidado em Essex, Bristol e finalmente Oxford onde sbstituiu o poeta W.H.Auden, de quem foi amigo na direcção da Oxford Poetry Now .Publicou várias obras em Francês e Inglês, voltando a publicar em Português quando do seu regresso ao Brasil em 1993.Ganhou vários e importantes prémios, mas de nada vale falar neles agora que voltou ao pó e à imensidão dos cosmos. Pois o melhor prémio ficou dele para nós na lisura solene do seu sentir.
Obrigado...muito obrigado, por entre tantos planetas possíveis teres escolhido este para passar uns tempos...
p.g

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