quinta-feira, agosto 02, 2007

" Vive intensamente o agora : O passado não volta e o futuro pode não chegar..."



Criam-se vínculos afectivos, raízes, quase dependências entre amigos, ex-namorados, colegas de faculdade gente que se cruza no nosso horizonte no caminho do tempo.
Escolhe-se aqueles que colocamos na intimidade entre os que a nossa razão escolheu ou o nosso coração não deixou alternativa.Mas tudo vai e tudo passa, como se numa vida vivessemos várias vidas, e a marca indelével da memória não fosse agora mais do que uma ténue e vaga lembrança do intenso que foi tão real. Tudo passa, até nós passamos nesta nossa breve passagem pelo tempo. Daqui por 50 anos ou menos, seremos apenas uma memória e ninguêm se recordará do intenso que foi o nosso existir.

Confidências que foram feitas, projectos imaginados e sohados que nunca fora erguidos, coisas que acreditamos consagrar na nossa vida, não existe agora jamais porque outras lhe sucederam e outras e outras ainda lhe sucederão na interminável corrente da torneira dos dias que rapidamente se colam aos anos traidores e imparaveis!!!

Como as raízes de uma árvore qe buscam na terra a solidez que a sustente, assim também nós, cada qual do seu modo se agarra ao caminho da vida, na procura da melhor via que nos leve aos nossos sonhos ansiados. Mas nada volta, embora a vida se repita e mudando de tonalidade acaba por se tornar sempre igual.

Separam-se os caminhos que em tempos julgamos comuns para sempre.
Acenamos ao longe aqueles que um dia caminharam lado a lado no navio dos sonhos comuns.
Tudo muda, pouco a pouco no ímprevisivel do tempo.Somam-se os anos, somam-se as distâncias, esticam-se os intervalos da memória e dissipam-se as lembranças que dão lugar a outras e outras num espaço de memória contínuo e esvaziado do que já foi, completo de tudo o que estará para vir ??

As lembranças vão-se de nós.Algumas ficam, outras perdem-se, outras persistem e insistem em invadir-nos as recordações.
Normalmente chamamos-lhe,SAUDADES. Alguns agarram-se a elas e assim matam o presente e adiam o futuro. Mas nada a fazer quando não podemos fugir à nosso própria natureza.Não se foge da tristeza, porque ela não é uma opção, é uma consequência um estado de alma. Mas não vale a pena olhar para trás.Pois nada volta. Pode é começar o que sempre existiu e nunca verdadeiramente se revelou. O passado é ingrato e tariçoeiro porque não devolve o futuro nem aconchega o presente, e é para lá que inevitavelmente vamos e é agora que inequivocamente estamos. Aqui e agora. Nada mais.
Amanhã quem sabe. Mas até o minuto seguinte que agora se aproxima é em si uma enorme incerteza.Sabemos de onde somos. E pensamos que somos dali do que retivemos na memória, mas é um erro nós somos é daqui do que temos nesta circunstancia éfemera em que levamos os dias esgotados e apressados.E tentamos identificar o passado lembrando-nos do cheiro e dos odores, do tom de voz daqueles que um dia amamos, mas o esforço é vão porque isso não nos chega aos sentidos porque simplesmente isso já não é deste tempo.Tudo passa.Seja a cal das paredes molhadas pela chuva, o calor da calçada que a sombra faz desaparcecer na calidez da tarde, o ar húmido da madrugada extinto pelo calor da manhã, como tudo o que trazemos no coração e que depois se esvazia para logo ganhar outro contéudo.Tudo passa, e a matéria que outrora ocupou o nosso peito dá lugar agora à intenção vaga da nossa teimosia em guardar o que já não nos pertence.
Então tudo se organiza novamente numa ciência exacta, volta-nos o sorriso e a ousadia. e avançamos de olhos sorridentes no espento do desconhecido.Na espera do que virá.
Passada a euforia, olhamo-nos pela primeira vez após tanto tempo decorrido.Ma o coração já não balança.Não são as primeiras rugas nem alguns cabelos grisalhos que fazem a diferença.Foram os anos que cavaram o fosso. O pano fechou-se, a peça acabou os actores partiram e outra nova representação subiu á cena.Esgotado o impacto do primeiro momento, o passado é um fato fora de moda que já não serve mais a quem o queira vestir e por vezes está até corroído pela traça.Reconhecemos-lhe a beleza, mas está fora de questão a não ser como mascára de fingimento.Há entre ele e o momento uma distancia intrasponível.Os locais e as geografias podem ao longo dos anos permanecer iguais, as pessoas não.Podemos visitar o passado mas apenas como turistas de passagem com uma pequena mala de viagem, nunca com tudo o que temos numa mudança permanente.Não, não é assim que funciona.
Cada instante não volta nunca, e ao passado ninguèm volta por muito vivo que ele permaneça no nosso coração.
Mas por vezes....a ironia do tempo cruza-nos com o pretérito adiado de quem por nós passou mas não parou em nós nos ponteiros do tempo, voltando depois para completar um circulo nesta estranha brincadeira que somos na ironia de Deus.

Para a Luisa....a propósito de uma noite estranha de Verão....

p.g

Sem comentários: