segunda-feira, junho 04, 2007

Pai




Em ti termina a minha essência
a relutancia da agrura voraz
que deixaste-te em decalque nos meus olhos
quando vejo o mundo pelos teus

O rio já parou de correr
o norte mudou-se para o sul
os passaros vivem no mar
os peixes voam no céu
as semente nascem do fogo
e o ar arde em frémito

Como acalmar o desgoverno impróprio
em que a dor mutila os meus gestos
Sentir o grisalho do teu pensar
teimoso e adoçicado
na intenção de mim
homem de ti
na origem do espectro
em que nunca nos revemos

Comprar a coragem para ser pai
depois de deixar de ser filho
banir a névoa incómoda
que arrasa o ventre da esperança
com que aguardo
em quem ponha o teu nome

Um dia no nascer do pai que foste
e em mim se revele
e de mim se manifeste

p.g

1 comentário:

Anónimo disse...

Começo por agradecer tua visita, não porque leste pedaçinhos de minha alma mas sim, porque deixaste o caminho que me traz até ti... e encontrei um espaço ilimitado, feito de infinito e de palavras sábias...palavras de paz que por alguma razão que desconheço fizeram minha alma sossegar. Comecei por ouvir e ler o presente que deixaste a quem quisesse ser contemplado por ele...e foi, simplesmente lindo! Obrigada por isso... Beijo