segunda-feira, maio 28, 2007

Podem tirar



Podem varrer as ruas com a chuva da noite
quando os corpos se inventam em desejos de tédio
de uma ausência disfarçada sem intenção nem gesto

Podem até ser eu, para além de mim ou melhor ainda
e lembrarem-me que o meu lado do teu sono
foi apenas; só apenas um mês apagado
de um calendário esquecido
em que apenas fui
mais uma folha por rasgar

Podem mesmo violentar o meu cheiro aéreo de ti
na nervura ambígua em que os teus poros te iludem
vazios e atrapalhados na mistura promiscua
em que chamam por mim que nunca existi

Podem tudo o que queiram e tirar-me ainda
destas mãos vazias e traidas pela teu colecionar de vidas
esvaziar-me os sentidos e pintar as noites de insónia
enquanto te arrastas pela miséria das incertezas
no cemitério de emoções que o tempo te edificará

Podem tudo
tirar tudo
e divertirem-se todos em suspiros de paly back
em que inventam amor como se dele soubessem
Podem
tirar ainda do já houver para não tirar
até a lua me podem tirar

mas ninguêm....
ninguêm
me poderá tirar o luar

p.g

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